É por isso...

Desse tempo venho eu. E não que tenha sido melhor.... É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com "guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa", mudar para o "compre e jogue fora que já vem um novo modelo". (Eduardo Galeano)

sábado, 7 de setembro de 2013

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Definitivamente compor mosaicos é a atividade que preenche minha necessidade de arte, de beleza, de paz. Recolher cacos e fazer deles algo com sentido é tão prazeroso quanto saborear uma taça de morangos com chantilly. A vista da obra pronta é reconfortante como a sensação do coração sereno e recomposto depois de partido pela ingratidão. Jamais deixará de ser um amontoado de cacos, mas ora, cacos ligados, cada qual repousando em seu devido lugar, sem mágoas, sem conflitos.

Ando um pouco recolhida em mim mesma, mas não parada. Além dos mosaicos, de viver e cuidar do dia a dia, reservo momentos para organizar o caos. Caos em que se encontrava, por exemplo, a oficina do meu pai e do qual tinha que dar conta, uma tarefa um pouco estranha e que não dependia só de mim: mexer nos “imexíveis” de Seu Walter. Cada ferramenta, cada peça tem sua história e ele as conhecia todas. Coisas ainda do meu avô...

Entre o pensar e o fazer, um amigo do alheio visitou o local de madrugada e diminuiu os objetos a serem destinados a esta ou àquela pessoa. Com tal motivação, rapidamente terminei o serviço.

A vocação para sucateira continua viva e pulsante, assim, durante este retiro, restaurei duas peças que jaziam há anos à espera de uns cuidados. O antigo armário de banheiro da minha mãe (feito pelo meu pai) e uma cadeira que recolhi do lixo na casa da minha filha, afinal, a madeira que resistiu bravamente durante anos às intempéries, merecia ser bem tratada.

E como dizia minha mãe, nada nem ninguém é tão ruim a ponto de se jogar fora.